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A Barbárie Potiguar, o Morticínio de Jovens e a Subnotificação Criminal

Novamente a população potiguar se depara com informações extremamente preocupantes em relação à sua segurança, o índice de criminalidade em acelerado crescimento e a ausência do Estado em exercer seu papel de garantidor da paz.

 

A barbárie potiguar é sustentada pela falta de políticas claras, de planejamentos estratégicos e de ações realmente eficazes no combate ao crime e à violência, e numa cena que relembra o faroeste, 3 jovens trocam tiros em via pública e desse embate motivado por rixa, resultam duas novas mortes para aumentar as estatísticas e as dores das famílias desmembradas.

 

Em apenas 12 dias de 2014 já foram contabilizados 60 crimes violentos letais e intencionais, sendo 25 de jovens até 21 anos de idade, ou seja, 42%, sem contar os 5% que não conseguimos identificar a idade até o encerramento desse artigo. A quase totalidade dos crimes ocorridos contra jovens foram execuções sumárias, com as características de múltiplos disparos, tiros na cabeça e alvo definido, sempre presentes no modus operandi.

 

Diante desse quadro preocupante o Rio Grande do Norte figura como o 2º estado que mais devolve recursos destinados à segurança pública, conforme divulgado pela Secretaria Nacional de Segurança Pública, foram R$ 12,08 milhões de reais nos últimos três anos.

 

A atual conjuntura criminal não permite erros crassos dessa magnitude, ainda mais quando o Governo do RN informa que está sem condições financeiras até de pagar uma alimentação digna para os policiais militares em serviço ou para investir em contratações para reforçar o plantel de agentes de segurança pública. E nessa pauta se ressalte que o levante da criminalidade não está sendo detido pelas operações policiais que tem sido deflagradas desde o início do ano, pois a credibilidade da polícia potiguar em face da sua notória incapacidade numérica e estrutural é muito bem conhecida pelos criminosos.

 

Os jovens executados nas ruas da capital, dos bairros pobres, dentro de suas casas, em estradas vicinais, são apenas números depois de mortos, e sob a chancela de seus possíveis envolvimentos com atividades ilícitas legitimará a falta de esforços para a prisão dos assassinos, e o assunto será secundário nas delegacias abarrotadas de crimes de gaveta.

 

A morosidade em combater a violência no RN pode ser percebida pelo lapso de tempo (5/5/2013) em que foi realizado o colóquio para a implantação do Brasil Mais Seguro e a data da assinatura dos primeiros convênios em 30/12/2013, conforme pode ser lido no texto Tendências, perspectivas e esperanças na Segurança Pública em 2014.

 

Por causa dessa inércia, o espectro da subnotificação, as cifras negras e outros fatores, ainda estão muito presentes e mascarando a realidade do estado. Até hoje, o cidadão do sexo masculino morto a pedradas no primeiro dia do ano em Parnamirim não teve sua identificação revelada, nem tampouco foi divulgada pelo ITEP a morte de Maria Graziele Borges da Cunha, assassinada com golpes de arma branca, possivelmente um machado, ocorrida em Santana do Matos no dia 9 de janeiro. E ainda existem outros dados que toldam as águas já escuras do Rio Grande do Norte.

 

Sem um planejamento no setor, a Administração Ciarlini perdeu 3 longos e preciosos anos, permitindo que a insegurança se firmasse e até o momento, gestores ainda se reúnem para traçar metas e definir planos que já deveriam há muito estarem em execução, como a prometida Divisão de Homicídios, cujos estudos para a sua criação ainda estão em desenvolvimento, conforme divulgado pela imprensa no dia 10 de janeiro de 2014.

 

A violência embutida nos índices de criminalidade precisa ser combatida com celeridade, nunca há tempo a ser perdido quando se trata do bem mais precioso de todos, a vida. Nenhum governo, nenhuma autoridade ou gestor possui qualquer desculpa convincente quando esse bem é colocado em uma posição inferior a qualquer outro.

 

É mais do que urgente deter a proliferação da barbárie potiguar, do morticínio de jovens, dos crimes contra a vida, ou de qualquer mecanismo que contribua para insegurança estabelecida no Rio Grande do Norte.

 

 

 

Por: Ivenio Hermes

Fonte: Blog do Ivenio Hermes

 

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SOBRE O AUTOR:

Ivenio Hermes é Escritor Especialista em Políticas e Gestão em Segurança Pública e Ganhador de prêmio literário Tancredo Neves. Colaborador e Associado Pleno do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Consultor de Segurança Pública da OAB/RN Mossoró. Integrante do Conselho Editorial e Colunista da Carta Potiguar. Pesquisador nas áreas de Criminologia, Direitos Humanos, Direito e Ensino Policial.