Sesed apura porque não foi informada antes sobre ataques a ônibus em Natal
Interceptações mostram que presos de Alcaçuz ordenaram atentados.
MP não confirma ter gravado conversa entre presidiário
A Secretaria Estadual de Segurança Pública e Defesa Social (Sesed) vai apurar porque não foi informada previamente sobre os ataques a ônibus em Natal mesmo com a existência de áudios que antecipavam os atentados. O Fantástico divulgou no último domingo (24) uma ligação telefônica do domingo, 15 de março, em que um detento conversava com uma pessoa de fora dos presídios e ordenava que ônibus fossem queimados na capital potiguar. No dia 16 de março, quatro ônibus foram incendiados na região metropolitana a partir das ordens que partiram do sistema prisional.
Por meio da assessoria de comunicação da Sesed, a secretária de Segurança Pública e Defesa Social, Kalina Leite, informou que houve negligência por parte do órgão que possuía a interceptação. A titular da pasta explicou que "se a informação estivesse em poder da Sesed, os ataques a ônibus poderiam ter sido evitados, ou minimizados".
A Sesed pretende apurar quem tinha a interceptação telefônica e porque a informação não foi repassada. Quem oficialmente pode requisitar autorização judicial para interceptar ligações telefônicas é o Ministério Público, a Polícia Civil ou a Polícia Federal. A autorização é dada por um juiz de vara criminal.
Procurada pelo G1, a assessoria de comunicação do Ministério Público informou que até o momento não tem conhecimento se os áudios pertencem ao órgão ministerial.
Crise
Os motins só acabaram após um acordo entre representantes da Justiça, Ministério Público e Comissão de Direitos Humanos com cinco porta-vozes do movimento responsável pelas rebeliões. Após a crise, pediram também exoneração o coordenador de Administração Penitenciária, Leonardo Freire, e o diretor do Presídio Estadual Rogério Coutinho Madruga, Osvaldo Rossato. Os novos nomes foram anunciados na sexta-feira (20).
Na Zona Norte de Natal, quatro unidades registraram rebeliões. Também aconteceram revoltas no CDP da Ribeira, na Zona Leste de Natal; na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, em Nísia Floresta; no Presídio Estadual Rogério Coutinho Madruga, também em Nísia Floresta; e na Penitenciária Estadual de Parnamirim (PEP), em Parnamirim.
No interior foram registrados motins na Penitenciária Agrícola Mário Negócio e na Cadeia Pública, ambos em Mossor, no CDP de São Paulo do Potengi, na região Agreste; na Penitenciária Desembargador Francisco Pereira da Nóbrega, o Pereirão, em Caicó; na Cadeia Pública de Caraúbas; e na Cadeia Pública de Nova Cruz.
Além de unidades prisionais, a onda de rebeliões atingiu o Centro Educacional (Ceduc) de Caicó, na região Seridó. De acordo com a PM, 25 menores infratores mantiveram quatro educadores reféns na noite desta terça (17). A PM invadiu o local e libertou as vítimas na manhã desta quarta (18).
Ataques a ônibus
Em meio à crise, 4 ônibus foram incendiados na noite de segunda-feira (16) em Natal. A Secretaria de Segurança informou que havia a suspeita de que a ordem para os ataques partiu de dentro dos presídios. Criminosos ordenaram que funcionários e passageiros deixassem os veículos antes de colocarem fogo.