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ARTIGO

A maior parte das pessoas quando se depara com o perigo tende a fugir, correr, se esconder. E não há nada de errado nisso. É defesa! Mas há um outro grupo que, por vocação e compromisso, jurou e cumpre a promessa de correr ao encontro dele, para defender quem sequer conhece! Esses são os policiais.

Estes profissionais estão acostumados a enfrentar um inimigo visível, o infrator das leis, e atuar de forma humana em contato com as vítimas. Mas neste cenário de pandemia, os policiais se viram obrigados a encarar mais um inimigo, invisível e desconhecido.

Além de sua função essencial, voltada à segurança e estabilidade social, que não permite home office, os policiais têm sido empregados na fiscalização e cumprimento das medidas sanitárias, no auxílio e transporte de profissionais da saúde e de doentes, inclusive em suas viaturas e aeronaves, bem como tem sido empregados no auxílio e segurança à logística de distribuição das vacinas.

Os policiais não querem ser premiados e homenageados por isso. Até porque, servir e proteger é nossa essência. Isso não quer dizer, contudo, que abrimos mão de respeito e reconhecimento. E isto tem nos faltado.

De acordo com o Plano Nacional de Operacionalização da Vacina contra a Covid-19, do Ministério da Saúde, as forças de salvamento e segurança estão no quarto bloco de prioridades para vacinação, estando, inclusive, atrás da população carcerária. 

Não se está discutindo se uma vida vale mais do que outra. O cerne da questão aqui é priorizar quem desestabiliza a sociedade, em detrimento de quem a defende. Mas, o
absurdo vai além. Esse disparate não se justifica sequer estatisticamente, pois o número de contágio e morte entre policiais é infinitamente maior do que da população carcerária.

Não bastasse o exaustivo combate à criminalidade e ao novo coronavírus, o policial ainda assiste a um verdadeiro desmonte, promovido pelo governo federal, dos
seus direitos constitucionais, conquistados a duras penas. Nos dizeres do próprio Ministro da Economia Paulo Guedes são tratados como “inimigos”, dignos de receber
uma “granada no bolso”. 

Recentemente, foi aprovada a Proposta de Emenda Constitucional no. 186, que previu o congelamento dos salários dos servidores do poder executivo por até 15 anos. O prejuízo só não foi maior, graças à atuação firme das entidades classistas, pois o objetivo da proposta era, também impedir progressões na carreira, congelar a contagem de tempo de serviço e reduzir os salários, mediante redução de carga horária.

Não podemos esquecer a reforma da previdência e a Lei Complementar no. 173, outros duros golpes. Dentro do “pacote de maldades”, ainda tem a reforma administrativa (PEC no. 32) que, embora necessária, está sendo desvirtuada e coloca os servidores públicos do Poder Executivo como “vilões” do país. Dentre tantas prerrogativas e direitos, a reforma ataca também a estabilidade, o que traz enorme prejuízo à independência funcional, tão necessária para que o servidor público possa desempenhar seu papel, ainda que desagrade os interesses escusos de alguns.

É neste cenário que se pode denominar, com ainda mais certeza e veemência, que os policiais são heróis, e seu principal super poder é a coragem acima da média. Eles não têm imunidade a vírus, à dor de perder alguém querido, ao medo de se contaminar e contaminar os seus, e à privação de suas necessidades básicas. Policiais são de carne e osso. E são dignos de respeito e reconhecimento.

Por tudo isso, nossa revolta e nosso protesto. Queremos deixar claro que vamos lutar por nossos direitos adquiridos e por nossas vidas. Seja através de medidas jurídicas ou por manifestações públicas. Precisamos continuar vivos, com saúde, pois o Rio Grande do Norte precisa de nós.

Natal, 19 de março de 2021.
Taís Aires T. M. da Costa